Urbs, Vírus & Bits sé propõe como uma exploração das interseções do biológico e o digital e como isto moviliza uma noção avançada de arquitetura e do espaço urbano.
O curso, de caráter teórico e especulativo, se apresenta na forma de programa de seis palestras com a participação de destacadas pensadoras, pesquisadoras, e responsáveis de políticas públicas de Brasil e Latinoamérica.
Cada palestra será acompanhada de um tempo de seminario no qual os estudantes serão encorajados a responder de maneira propositiva e crítica a os conteúdos teóricos do curso.
Universidade | UFPB |
Programa | PPGAU |
Semestre | 2021.2 |
Créditos/carga horária | 1Cr / 15h |
Datas/Horário | Terças Feiras 10h a 12h; 14 Setembro a 26 Outubro |
Programa:
Urbs, vírus & bits: imaginando uma escola de cidade e humanidades ambientais, Pablo DeSoto
A pandemia global transformou nossas cidades em cenários de ficção científica distópica tornados reais, evidenciando a necessidade de formas de sensorialidade e conhecimento para além daquelas das categorias tradicionais. Ao mesmo tempo que um vírus danificava nossos corpos e paralisava nossos movimentos no espaço físico, a digitalização da vida foi intensificada criando formas expandidas de sociabilidade, mas também de exploração e desigualdade. Na frente deste cenário disruptivo são necessários novos aparelhos epistémicos e sensibilidades com os que imaginar e desenhar a coabitação para futuros possíveis.
Ciborgues e simbiontes: viver junto na nova ordem mundial, Marilia Pisani, UFABC
Ciborgues e Simbiontes: viver junto na nova ordem mundial” é um ensaio escrito por Donna Haraway em 1995 como abertura à colectânea “Cyborg Handbook”. Esta palestra mostra como esse texto permite desnaturalizar a noção de ciborgue entendido “como carne de metal”, que fica de muitas leituras do seu “Manifesto Ciborgue”, de 1987, para aproximá-lo muito mais das implicações de seu mais recente trabalho, “Staying with the trouble”, de 2016, e da noção de simbionte. Queremos com isso fazer pensar sobre o que seria uma arquitetura do antropoceno e como podemos imaginar, a partir de onde estamos e com o que temos à mão, o que seria uma arquitectura para o Chthuluceno. Para isso mobilizamos algumas noções da agroecologia de Ana Primavesi, da agricultura sintrópica de Ernst Gotsh e o trabalho da artista e design Beatrice Cornea.
Outras computações: tecnologias digitais a arquitetura do sul global, Andres Burbano, Universidad de los Andes
A palestra começa com uma reflexão sobre as trajetórias históricas das tecnologias e práticas digitais relacionadas à arquitetura e urbanismo na América Latina e em outros lugares do Sul Global. As ideias apresentadas no decorrer desta apresentação foram motivadas pelo quadro geral do curso em torno das cidades, vírus e bits, apresentam projetos e discutem aspectos que vão desde a vida urbana, a relação com os mapas, as transformações exigidas pela pandemia quanto à informação -fluxos de desinformação e a necessidade de trabalhar de forma mais criativa e menos realista com dados de cidades disponíveis em diferentes plataformas abertas. Os trabalhos apresentados são quase sempre fruto de colaborações com outros investigadores como Daniel Cardoso, com artistas como Fernando Velázquez, com designers como Pierre Puentes, e com grupos de trabalho como COLEV e LAAD da Universidad de los Andes.
Mundo maker: tecnologias digitais, biologia sintética e biohacking, Rita Wu
Rita Wu relata suas experiências em diversas áreas como farmácia, arquitetura, biologia molecular, psicologia e, principalmente, o mundo maker, atestando sua vocação em defender o caráter social desse nicho ainda em crescimento. Em seus trabalhos explora a relação entre corpo, espaço e tecnologia, investigando a expansão que a tecnologia pode trazer para nossa percepção espacial através de interfaces vestíveis.
Zona de contagio: Pandemia e vida metropolitana, Henrique Z. M. Parra, UNIFESP pimentaLab.
A intrusão viral e a experiência pandêmica de 2020-2021 provocaram o colapso entre múltiplas escalas e dimensões que dão forma a vida contemporânea. Como essa situação transforma nossas formas de conhecer, investigar, sentir e agir? Como a ciẽncia e tecnologia dominante são partes do problema que produz a Pandemia? Nessa apresentação, narramos um pouco da trajetória de investigações do Pimentalab – Laboratório de Tecnologia, Política e Conhecimento (Unifesp) e descrevemos as atuais encruzilhas teóricas e políticas que ganharam maior força nos últimos anos. Investigamos as novas configurações do capitalismo contemporâneo e da relação saber-poder a partir da ordem técnica do mundo – infraestruturas, tecnologias de conhecimento, dispositivos de controle, tecnologias digitais e mediação cibernética – e seus modos de subjetivação, assim como formas coletivas de resistência, experimentação e sustentação do Comum nas interfaces entre territórios, corpos, dissidências e ações técnicas e científicas.
Cidade Inteligente: o espaço da cidadania digital, André Angra, TCE Paraíba e CBN inovaçao
Uma conversa sobre o projeto “Espaço da Cidadania Digital” o qual foi desenvolvido pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba e que tem como objetivo criar um ambiente de inovação na gestão pública, validação de experimentos tecnológicos e sociais disruptivos e de ferramentas digitais de controle externo e social, pensados a partir de parcerias sinergéticas com a sociedade, com as academias e instituições públicas e privadas de interesses estratégicos e coletivos. Um espaço aberto ao público e às novas ideias que almeja potencializar o exercício da cidadania, promover a educação digital inclusiva, estimular o controle social e buscar a transparência total na administração pública.
Créditos da imagem: Andres Burbano & Fernando Velazquez (Saotá, a 3D environment in which two neighborhoods of São Paulo and two of Bogotá merge in a single mesh under a dynamic point cloud created using open-access data. ©2020 Near Space Interface.)