CARTOGRAFIA DOS RIOS E CORAIS AMEAÇADOS DE JOÃO PESSOA

A ÁGUA é o principal bem comum que sustenta a vida no Planeta. Na cidade de João Pessoa, no Nordeste do Brasil, existe em abundância, escoando pelos seus aquíferos, mangues, rios e litoral. Mas, em prol do lucro e da especulação imobiliária, esse bem comum está ameaçado: o sistema hidrológico da cidade caminha para um colapso. Os rios estão poluídos. Apenas 70% da cidade está conectada à rede de esgoto. A gestão negligente dos corpos d’água causa sérios danos à saúde pública e prejuízos aos pescadores artesanais e comunidades ribeirinhas, além de comprometer o abastecimento da cidade. No mar, os corais, nosso bem comum mais precioso, estão ameaçados pelo turismo descontrolado, o aumento da temperatura do Oceano e a erosão da Barreira do Cabo Branco. A natureza da costa vem sendo eliminada sistematicamente para alocar projetos megalomaníacos que drenam o dinheiro público e causam a perda de habitat para a vida animal e vegetal. E os pobres são os que mais sofrem com esses problemas ambientais. Chegamos ao limite.

Este mapa é fruto de um trabalho coletivo começado entre os dias 21 e 26 de outubro de 2019 no âmbito dos cursos Mapeando o Comum Urbano e Tópicos Especiais em Urbanismo do DAU e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, e do projeto de extensão do Departamento de Geociências, ambos da Universidade Federal da Paraíba. O curso propôs um método de laboratório interdisciplinar, desenvolvido anteriormente em várias cidades do mundo, onde encontram-se para trabalhar juntos arquitetos, geógrafos, ativistas, artistas visuais, cientistas sociais e estudantes de diferentes áreas de conhecimento. Quatro principais bens comuns ameaçados da cidade de João Pessoa foram identificados e parametrizados: o Rio Gramame, que é a principal fonte de abastecimento de água da região metropolitana, se encontra poluído pelos agrotóxicos da agricultura e rejeitos industriais; o Rio Jaguaribe, que atravessa a cidade de sul a norte recebendo esgotos domésticos e resíduos depositados de modo irregular no sistema de drenagem da cidade; o Rio Sanhauá e o Porto do Capim, berço e patrimônio histórico da cidade, são alvos recentes da especulação imobiliária e do turismo predatório; e por fim, o sistema de falésias do Cabo Branco, que é margeado pelo terceiro maior recife de corais do mundo, e que vem sendo destruído pela supressão da mata atlântica e um sistema inadequado de drenagem.

Coordenação: Pablo DeSoto, Letícia Palazzi Perez, Andrea Porto Sales, Paulo Rossi.
Projeto gráfico: Yumi Nsh, Rodolfo Santana, Raissa Monteiro.
Contribuiram: Flavia Bezerra, Gabriella Almeida de Oliveira, Ian Coelho, João Luiz Carolino, Lincoln Almeida, Mariana Oliveira, Yanna Garcia, Aurora Caballero, João Batista, Aurora Caballero, Raissa Monteiro, Adelmar Barbosa, Andrea Cavalcanti, Arthur Chacon, Ricardo Bruno Cunha Campos, Danielle Guimarães, Eleonora Paoli, Maria Carmen Cavalcanti, Mariana Daltro, Rafaella Dantas, Beatriz Pires, Elisa Carneiro, Matheus Pontes, Aline Ramalho, Ana Beatriz Nóbrega, Ivana Accioly, Jessica Rabello, Ivanildo Santana, Jailma Carvalho, Izanilde Barbosa da Silva, Alessandra Soares, Guilherme Cavalcanti, Maria Heloísa Oliveira, Mariana Ribas, Marilia Dornellas, Mirelli Gomes, Nilton Fernandes, Sidney Pereira & Yan Azevedo.
Organização: PPGAU e DGEOC, Universidade Federal da Paraíba.
Agradecimentos: Espaço Cultural José Lins Do Rego, Pedro Rossi, Iconoclasistas.
Apoio: IESP.
instagram @projetogotadagua